sábado, janeiro 12, 2008

LIVROS

A profunda insatisfação, a sensação de desenraizamento, a não adaptação a um modo de vida, a solidão e um modo desesperançado de olhar para tudo não têm pátria, mas neste Azul Alentejo, da festejada autora de língua inglesa Monica Ali, todos esses ingredientes estão misturados numa cidadezinha fictícia, Mamarrosa, em Portugal. Ali, numa atmosfera de verão intenso, abafado, estrangeiros (ingleses e alemães) e a gente interiorana portuguesa se cruzam e expõem seus contrastes. Os primeiros estão no local em busca de vida nova, isolamento ou experiências turísticas "pitorescas", mas acabam entrando em contato com suas decepções ou têm dificuldades para realizar seus sonhos. Entre os segundos, o tédio impera e um pouco de esperança reside na emigração. Em suma, ninguém se sente bem onde está e até um dos estrangeiros acaba trocando o Alentejo pelo Algarve. Embora atacada por leitores e críticos portugueses por não dar uma visão "real" do Alentejo, a autora cativa o leitor com este que é seu segundo romance, deixando que todos os personagens se expressem livremente, fazendo que as histórias sejam contadas, pode-se dizer, de dentro para fora, ao sabor do fluxo da consciência.

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