Aquém mar, nem sempre estamos actualizados em relação ao que acontece além mar. Então, ao mesmo tempo que tive conhecimento, repasso:
...Assim, justifica-se, nos termos do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 519-F2/79 , de 29 de Dezembro, conjugado com o artigo 6.º do Decreto Regulamentar n.º 55/80 , de 8 de Outubro, que se proceda à criação da Conservatória doRegisto Civil de Lisboa e, por força de um processo de fusão, se extingam as 11 Conservatórias do Registo Civil existentes na cidade de Lisboa, potenciando assim a eficiência dos serviços de registo e o aumento da qualidade do serviço prestado aos cidadãos na área do registo civil.
segunda-feira, novembro 30, 2009
Grenal diferente
Há muito que não assistíamos a um final de campeonato brasileiro de futebol tão emocionante e apaixonante, envolvendo a nata dos times. A cada segunda-feira uma manchete diferente sobre o possível campeão: Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Atlético e Internacional.
Antes da penúltima jornada, ontem, reduziram-se as aspirações mais concretas e sobraram São Paulo, Flamengo e Internacional.
Esta semana e em que no próximo domingo teremos a última jornada, está no topo o Flamengo e em segundo o Internacional.
Ontem mesmo, se tudo tivesse corrido pela lógica, no confronto aqui na cidade de Campinas entre Corinthians e Flamengo, este último teria perdido e estaria hoje no topo o Internacional que, pela facilidade que será o último jogo em Porto Alegre, já poderia estar exercitando um sorriso de campeão.
Mesmo que por mais propaladas que tenham sido as negativas nestas últimas semanas, os fatores extra campo fôram visíveis a lustrar a anti-ética. Foi o caso do Corinthians que, pelas sugeiras anteriores somada a mais esta, passa a ser inimigo número um do Internacional, independente da eterna rivalidade com o Grémio.
O último jogo do Flamengo será contra o Grémio, no Maracanã e, independentemente da posição de cada um na tabela classificativa, os gaúchos têm mais condições de ganhar e até um empate seria normal. Qualquer destes dois resultados daria o título ao Internacional, partindo do pressuposto que este faça bem a lição de casa.
Indagado por um repórter da Rádio Gaúcha, Souza, jogador do Grémio, disse: “Se a direção optar pela equipe principal [para o próximo jogo], faremos nossa parte. Mas dependemos muito da ordem; talvez entrem os reservas. Somos profissionais, mas infelizmente dependemos da direção. Se vier a ordem, a gente vê. Se não vier, paciência”. E durante a entrevista, após o jogo com o Barueri, a torcida gremista gritava: “Mengo, Mengo” numa alusão ao Flamengo.
“Vamos acompanhar os procedimentos desta semana… Tomara que o Grémio tenha o melhor time. Mas não vou ficar fazendo apelos”, declaração do presidente do Internacional, Fernando Carvalho. Ao mesmo tempo o técnico colorado, Mário Sérgio, dizia: “Se os jogadores do Grémio derem essa alegria à torcida, podem levantar suspeitas por todo seu futuro. Não quero crer no Grémio entregando o jogo”. E o presidente do tricolor gaúcho, Duda Kroeff, rebateu: “Quem jogará é problema nosso. Mas talvez a gente dê férias para alguns atletas; isso já está decidido”. Também é deste, noutro contexto, a frase: “O Inter não pode nunca confiar no Grémio, assim como o Grémio não pode nunca confiar no Inter”.
As rivalidades mais afiadas, na minha opinião, são Internacional x Grémio e Guarani x Ponte Preta. Em Porto Alegre e em Campinas. Outras há muito relevantes no Rio de Janeiro ou em Belo Horizonte. Como vivi nas duas primeiras cidades, tenho a sensibilidade apurada disso.
Sou torcedor do Internacional desde que desembarquei no Brasil, pois as côres e a massa são em tudo iguais ao meu Benfica de Portugal. Sempre torço contra o Grémio ou contra o Porto mesmo que joguem contra outros times que não os meus. Mas tenho a sensibilidade e a inteligência de a favor deles torcer quando tal favoreça os meus; isto no campo e na ética. É assim que eu gostaria de ver os gremistas; torcendo como quiserem, mas sem artifícios excusos.
Vou encaminhar uma mensagem ao meu velho amigo e companheiro, Dr. Henrique Schmitz, gremista dos quatro costados e que sabe muito bem separar o trigo do joio. A sua influência nas hostes mosqueteiras e sob a capa da razão e da ética poderá ser vital à normalidade…
Antes da penúltima jornada, ontem, reduziram-se as aspirações mais concretas e sobraram São Paulo, Flamengo e Internacional.
Esta semana e em que no próximo domingo teremos a última jornada, está no topo o Flamengo e em segundo o Internacional.
Ontem mesmo, se tudo tivesse corrido pela lógica, no confronto aqui na cidade de Campinas entre Corinthians e Flamengo, este último teria perdido e estaria hoje no topo o Internacional que, pela facilidade que será o último jogo em Porto Alegre, já poderia estar exercitando um sorriso de campeão.
Mesmo que por mais propaladas que tenham sido as negativas nestas últimas semanas, os fatores extra campo fôram visíveis a lustrar a anti-ética. Foi o caso do Corinthians que, pelas sugeiras anteriores somada a mais esta, passa a ser inimigo número um do Internacional, independente da eterna rivalidade com o Grémio.
O último jogo do Flamengo será contra o Grémio, no Maracanã e, independentemente da posição de cada um na tabela classificativa, os gaúchos têm mais condições de ganhar e até um empate seria normal. Qualquer destes dois resultados daria o título ao Internacional, partindo do pressuposto que este faça bem a lição de casa.
Indagado por um repórter da Rádio Gaúcha, Souza, jogador do Grémio, disse: “Se a direção optar pela equipe principal [para o próximo jogo], faremos nossa parte. Mas dependemos muito da ordem; talvez entrem os reservas. Somos profissionais, mas infelizmente dependemos da direção. Se vier a ordem, a gente vê. Se não vier, paciência”. E durante a entrevista, após o jogo com o Barueri, a torcida gremista gritava: “Mengo, Mengo” numa alusão ao Flamengo.
“Vamos acompanhar os procedimentos desta semana… Tomara que o Grémio tenha o melhor time. Mas não vou ficar fazendo apelos”, declaração do presidente do Internacional, Fernando Carvalho. Ao mesmo tempo o técnico colorado, Mário Sérgio, dizia: “Se os jogadores do Grémio derem essa alegria à torcida, podem levantar suspeitas por todo seu futuro. Não quero crer no Grémio entregando o jogo”. E o presidente do tricolor gaúcho, Duda Kroeff, rebateu: “Quem jogará é problema nosso. Mas talvez a gente dê férias para alguns atletas; isso já está decidido”. Também é deste, noutro contexto, a frase: “O Inter não pode nunca confiar no Grémio, assim como o Grémio não pode nunca confiar no Inter”.
As rivalidades mais afiadas, na minha opinião, são Internacional x Grémio e Guarani x Ponte Preta. Em Porto Alegre e em Campinas. Outras há muito relevantes no Rio de Janeiro ou em Belo Horizonte. Como vivi nas duas primeiras cidades, tenho a sensibilidade apurada disso.
Sou torcedor do Internacional desde que desembarquei no Brasil, pois as côres e a massa são em tudo iguais ao meu Benfica de Portugal. Sempre torço contra o Grémio ou contra o Porto mesmo que joguem contra outros times que não os meus. Mas tenho a sensibilidade e a inteligência de a favor deles torcer quando tal favoreça os meus; isto no campo e na ética. É assim que eu gostaria de ver os gremistas; torcendo como quiserem, mas sem artifícios excusos.
Vou encaminhar uma mensagem ao meu velho amigo e companheiro, Dr. Henrique Schmitz, gremista dos quatro costados e que sabe muito bem separar o trigo do joio. A sua influência nas hostes mosqueteiras e sob a capa da razão e da ética poderá ser vital à normalidade…
domingo, novembro 29, 2009
A verdade
Hoje, ao ler o jornal “Folha de S. Paulo” do qual sou assinante, verifiquei que na coluna do leitor muitos colocaram comentários relativos a um artigo ontem publicado e sobre o mesmo também houve opiniões exaltadas de alguns entrevistados. Como é que esse artigo tão polémico me passou despercebido?
Por sorte que ainda não tinha jogado o jornal de ontem no lixo reciclável e, logo que cheguei em casa, fui procurar. E lá estava a matéria no caderno A. Acontece que esse caderno abordava o recém lançado filme “Lula, O Filho do Brasil” e numa das páginas tinha o polémico artigo do jornalista César Benjamin intitulado “Os filhos do Brasil” ilustrado com foto de quadro do filme. Pensei que se tratava tudo de sopa da mesma gamela e, porque nada do filme me interessa, não li. Erro crasso!
O articulista debruçou-se sobre o tempo que permaneceu na prisão como preso político, nos tempos da ditadura, e faz sobre isso um relato conciso. Numa intercalação, aborda diálogo que presenciou entre Lula e correligionários em 1994 durante preparação de programa para a campanha eleitoral. E o que Lula confessou ali é extremamente grave e deplorável. Sugiro a leitura do artigo, pois não vou transcrever aqui nada a respeito.
O que me tráz ao assunto é a condenação sumária do articulista por parte de certas autoridades, mesmo que de algumas delas sempre se espere a contestação e os contra ataques sujos; são aqueles vira-casaca de passado duvidoso e acobertadores de interesses excusos.
Porém, sempre acredito que um jornal da envergadura da Folha, jamais seria leviano ao ponto de publicar uma matéria deste naipe irresponsàvelmente e sem bases sólidas, o que desmoronaria a sua credibilidade.
Se ataques constantes à imprensa são notórios no dia a dia, numa ameaça séria à liberdade de expressão, a coisa vai ferver e eu fico preocupado.
Por sorte que ainda não tinha jogado o jornal de ontem no lixo reciclável e, logo que cheguei em casa, fui procurar. E lá estava a matéria no caderno A. Acontece que esse caderno abordava o recém lançado filme “Lula, O Filho do Brasil” e numa das páginas tinha o polémico artigo do jornalista César Benjamin intitulado “Os filhos do Brasil” ilustrado com foto de quadro do filme. Pensei que se tratava tudo de sopa da mesma gamela e, porque nada do filme me interessa, não li. Erro crasso!
O articulista debruçou-se sobre o tempo que permaneceu na prisão como preso político, nos tempos da ditadura, e faz sobre isso um relato conciso. Numa intercalação, aborda diálogo que presenciou entre Lula e correligionários em 1994 durante preparação de programa para a campanha eleitoral. E o que Lula confessou ali é extremamente grave e deplorável. Sugiro a leitura do artigo, pois não vou transcrever aqui nada a respeito.
O que me tráz ao assunto é a condenação sumária do articulista por parte de certas autoridades, mesmo que de algumas delas sempre se espere a contestação e os contra ataques sujos; são aqueles vira-casaca de passado duvidoso e acobertadores de interesses excusos.
Porém, sempre acredito que um jornal da envergadura da Folha, jamais seria leviano ao ponto de publicar uma matéria deste naipe irresponsàvelmente e sem bases sólidas, o que desmoronaria a sua credibilidade.
Se ataques constantes à imprensa são notórios no dia a dia, numa ameaça séria à liberdade de expressão, a coisa vai ferver e eu fico preocupado.
sábado, novembro 28, 2009
Dilema
O meu computador tem um génio complicado. Geralmente apresenta problemas graves na véspera dos meus dias de folga. Nesse comportamento eu posso concluir duas coisas: ou ele vem cozinhando o problema até ao limite e posterga esse limite para o dia tal e de modo a que dedique a minha folga para a sua manutenção, ou escolhe o dia para me sacanear como vingança de tanta porrada que lhe dou nas teclas.
Seja como for, continuamos companheiros e eu acabo de levar tudo para o lado bom da vida. E por tudo isso, ele, ou mais exactamente o seu teclado, acabou por merecer esta crónica. Se alguns cronistas se inspiram em pequenos detalhes por vezes estapafúrdios ou muito subtis, como por exemplo a simples observação dum joelho de mulher bem torneado que acaba por originar o derrame de mil palavras, num verdadeiro tratado sobre tudo o que se passa para cima ou para baixo, porque não concentrar-me num teclado?
A torre foi directamente para o técnico. O teclado ficou comigo. Estava seboso e achei que deveria fazer uma limpeza em vez de ocupar o meu tempo com outra tarefa qualquer. Afinal, gosto dessas minúcias, do desmontar e montar, enfim.
Ao retirar todas as teclas, vislumbrei um monte de poeira e outros lixos e não sei como tudo aquilo ali foi aninhar-se. Tinha até pelos do meu cachorro, mas aqui a coisa é compreensível, pois em muitos momentos ele me faz companhia olhando para a tela do monitor e pensando sabe-se lá o quê…
Depois de limpar tudo minuciosamente e de recolocar nos seus respectivos lugares, comecei a examinar as teclas e fui pensando, pelo desgaste de cada uma, quais as mais e as menos usadas. Ocupação de quem não tem mais nada que fazer, ou o início de uma piração pelo mergulho e escafandragem nessas águas. Um exercício de raciocínio para prevenção a doenças futuras da 3ª idade…
No frigir dos ovos, cheguei a uma conclusão interessante: gastei 3 horas do meu tempo nessa terapia ocupacional e que em termos monetários daria para comprar 3 teclados novos e brilhantes. Talvez por assim ser, muitas pessoas descartam objectos em plena capacidade de funcionamento, inflando depósitos de sucata e lixões muitas vezes com reciclagem mínima. Não chega a ser um dilema numa análise fria.
Seja como for, continuamos companheiros e eu acabo de levar tudo para o lado bom da vida. E por tudo isso, ele, ou mais exactamente o seu teclado, acabou por merecer esta crónica. Se alguns cronistas se inspiram em pequenos detalhes por vezes estapafúrdios ou muito subtis, como por exemplo a simples observação dum joelho de mulher bem torneado que acaba por originar o derrame de mil palavras, num verdadeiro tratado sobre tudo o que se passa para cima ou para baixo, porque não concentrar-me num teclado?
A torre foi directamente para o técnico. O teclado ficou comigo. Estava seboso e achei que deveria fazer uma limpeza em vez de ocupar o meu tempo com outra tarefa qualquer. Afinal, gosto dessas minúcias, do desmontar e montar, enfim.
Ao retirar todas as teclas, vislumbrei um monte de poeira e outros lixos e não sei como tudo aquilo ali foi aninhar-se. Tinha até pelos do meu cachorro, mas aqui a coisa é compreensível, pois em muitos momentos ele me faz companhia olhando para a tela do monitor e pensando sabe-se lá o quê…
Depois de limpar tudo minuciosamente e de recolocar nos seus respectivos lugares, comecei a examinar as teclas e fui pensando, pelo desgaste de cada uma, quais as mais e as menos usadas. Ocupação de quem não tem mais nada que fazer, ou o início de uma piração pelo mergulho e escafandragem nessas águas. Um exercício de raciocínio para prevenção a doenças futuras da 3ª idade…
No frigir dos ovos, cheguei a uma conclusão interessante: gastei 3 horas do meu tempo nessa terapia ocupacional e que em termos monetários daria para comprar 3 teclados novos e brilhantes. Talvez por assim ser, muitas pessoas descartam objectos em plena capacidade de funcionamento, inflando depósitos de sucata e lixões muitas vezes com reciclagem mínima. Não chega a ser um dilema numa análise fria.
segunda-feira, novembro 23, 2009
Visitantes
É bom frizar que o que escrevo não traduz simpatia por este ou por aquele e, portanto, não se reveste de xenofobia ou qualquer outro tipo de discriminação. Tenho a minha opinião formada, mas não cabe aqui agora. A minha indignação é em relação à maneira diferente de como se recebem dois iguais.
Quando Shimon Peres veio ao Brasil, dias atrás, não se verificaram manifestações de repúdio. Agora, com a chegada de Mahmoiud Ahmadinejad, a siatuação é diferente e orquestrada.
É isso que não se pode admitir --- a orquestração. Isso, sim, é segregação e a maioria dos que portam a bandeira de Israel e a agitam nas ruas e praias, não têm a mínima noção do que estão fazendo e melhor fôra que ocupassem esse tempo de ócio tentando adquirir mais conhecimento, informação e cultura.
Assim, quando de uma próxima visita dos dois, separadamente, claro, talvez usassem as duas diferentes bandeiras, uma em cada mão.
Começo, meio e fim
Tudo nesta vida tem começo, meio e fim. Pode até não ser como desejamos esse fluir das etapas, mas é uma realidade.
O meu Inter do coração começou o campeonato liderando e o fez por muito tempo; depois, usando termo da moda, viveu um grande apagão; agora, no embrulho agitado do final, lá está ele candidatíssimo a campeão.
Pra frente Colorado!
Pura sacanagem
Assim que ouviu a palavra ‘inocente’, Jorge Teixeira ficou em lágrimas. Um júri tinha acabado de determinar que o empregado do paquete de luxo ‘Coral Princess’, de 39 anos, casado, pai de duas crianças, não era culpado da alegada violação de uma passageira – que se queixava de ter sido forçada a praticar sexo oral ao homem. Respondia a sete acusações e arriscava prisão perpétua.
_______________________________________________
Lembro-me perfeitamente do dia em que surgiram as notícias sobre a prisão desse patrício. Na época já tive reservas sobre a acusação em si, se bem que achei muito normal a prática do acto, coisa banal nesses cruzeiros marítimos. Não estou afirmando que o chupa-chupa tenha acontecido. E, se aconteceu, deveu-se às fraquezas da carne de ambos os lados…
Já passei muito tempo no mar e conheço bem muito do que se passa nesses cruzeiros… O ambiente é propício e muito fàcilmente baixa aquele clima, aquela química. Muitas vezes até acontecem aquelas corneações de tempo curto debaixo do nariz de maridos ou esposas mais distraídos ou muito ocupados na mesa de jogo, enfim…
Lembro-me dum mito na minha juventude quando se dizia que, na passagem da linha do Equador, as mulheres ficavam fogosas…
Uma acusação como a que recaíu nesse português, jamais seria levada tão a sério num país latino. E talvez nem tivesse acontecido num latino ou mesmo nórdico europeu. Na terra do Tio Sam essas coisas são diferentes e acontecem num simples farejar de dinheiro fácil e sob ética artificial incrustada na cultura anglo-saxónica.
domingo, novembro 22, 2009
Dúvidas
Vez ou outra apoderam-se de nós certas dúvidas perante a quase certeza de que algo está errado. Afinal, quando a fotógrafa alerta os fotografandos com o clássico "Olha o passarinho!", não seria mais correcto dizer "Olha a passarinha!"?
sábado, novembro 21, 2009
Pele de cordeiro
Correndo os olhos pela internet e por algumas “colunas do leitor” dos jornais, fico com a impressão de que há mais apoio a Cesar Battisti e, consequentemente, à sua liberdade e não extradição.
Não sou a pessoa indicada para julgar e sobre os processos e condenações na Itália só tenho conhecimento superficial. Não obstante, tenho a minha opinião formada e ela recai sobre a decisão de extradição.
Entendo que Itália e França não são países com semelhanças a certas repúblicas das bananas e têm muito mais solidificação democrática.
E se alguma dúvida pairasse na minha consciência, essa foto que ilustra esta postagem tratou de dissipá-la definitivamente. Não se aproveita um dos que o estão cercando e isso já é forte; “diz-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és”. Depois, mais forte ainda, é a posse daquela bíblia que parece ser novíssima e jamais ter sido aberta.
Quanto à bíblia, tenho uma opinião muito semelhante à de Saramago e não é sobre ela que vou escrever. Mas, talvez Battisti nunca tenha lido alguma bíblia ou até mesmo um catecismo. Assim, parece-me ter sido aconselhado a portar uma a exemplo de muitos criminosos brasileiros que, de repente, se transformam até em pastores e isso lhes rendem muitos créditos.
sexta-feira, novembro 20, 2009
Consciência negra
Naquela madrugada tinha transmissão televisiva de corrida de Fórmula 1 do Japão. Isso verificar-se-ía lá pelas 3 ou 4 horas da madrugada em virtude da diferença de fuso horário em relação ao Brasil. Tudo bem. Mesmo não sendo ferveroso adepto desse desporto, ao ponto de sacrificar uma noite bem dormida, justificava-se assistir por uma boa causa…
Miranda, saudoso amigo do lado esquerdo do peito, acionou o meu Bip. Naquele tempo a telefonia celular ainda não era uma realidade para todos e eu não era pássaro de estar sempre no mesmo galho. “Portuga!”, bradou ele quando respondi à chamada; “Tenho aqui três minas afim de curtir a corrida no apartamento de uma outra amiga. Preciso de ti e de mais um amigo”.
Nunca deixei um amigo na mão e não seria desta vez que o faria. Rapidinho já contactei outro da nossa turma e tudo ficou acertado para aquela noite.
Como já tinha sido alertado para a escassez de alguns produtos naquele pequeno apartamento e indispensáveis na reunião, providenciei umas garrafas de vinho. A escolha não recaíu em marcas famosas, pois sabia que lá haveria uma mistureba com cerveja e outras bombas, o que desvirtuaria qualquer capricho meu…
Lá estávamos nós, os seis, no meeting point para sair em direção do apartamento da outra amiga do Miranda. Escusado será dizer que a única afro -descendente me tocou. Afinal, nós portugueses jamais fômos racistas e sempre gostámos da fruta. Há mesmo, aqui, uma consciência das duas côres em relação à questão. Não fôra isso, o Brasil não teria as lindas mulheres que tem.
Ao entrármos no apartamento, notámos que a moradora tinha um companheiro de côr negra. Ali fizémos a apresentações e todos ficámos àvontade. Animação total e bem regada.
Lá para as tantas acertámos todos em tirar uma palha, ali mesmo no chão e acordaríamos quando começasse a corrida. Como a carne é fraca e as intenções eram unânimes, à excepção do casal da casa, cada um começou a entrar nos finalmente. Percebíamos que o negão estava meio confuso entre um levantar e baixar da cabeça, mas nada disse.
Lembro-me que ninguém assistiu à corrida e só no dia seguinte vim a saber que Ayrton Senna ganhara…
Chegada a hora da debandada, já com o sol alto e brilhante, entrámos todos no elevador. Lá dentro estava uma mulata linda que logo reconheci como sendo amiga e companheira de uma das minhas cunhadas… Era a Telma. Trocámos um normalíssimo “oi” e todos os segredos se mantiveram. Uma questão de consciência.
E porque hoje é feriado, Dia da Consciência Negra, deixo aqui o meu abraço a todos os meus amigos e amigas afro-descendentes.
quinta-feira, novembro 19, 2009
quarta-feira, novembro 18, 2009
Irresponsáveis
Porque não sou trouxa, há muito tempo não entro num estádio para assistir a uma partida de futebol. Quando ía, o fazia esporàdicamente, pois isso só acontecia nas vezes que o meu Internacional vinha a Campinas ou se se disputava um jogo importante entre grandes.
A violência e certos artifícios extra jogo induziram-me a esse afastamento.
Hoje assisti pela tv aos lances mais importantes do jogo França x Irlanda na repescagem de apuramento para a copa de 2010. O golo da França surtiu o mesmo efeito daquele de Maradona, um dos mais notáveis feitos com a mão. Nada de especial aconteceu por parte da arbitragem e, manteve-se assim o roteiro previamente traçado. Resultados forjados…
Também hoje e em partida que ainda decorre no momento em que dedilho esta postagem, entre Grémio e Palmeiras, assisti a uma cena de agressões físicas mútuas entre dois jogadores do Palmeiras. Já tinha terminado o primeiro tempo e, no caminho para os vestiários, estranharam-se.
O juiz aguardou a volta dos times para o segundo tempo e, então, mostrou o cartão vermelho.
Apesar de estar perdendo por um a zero, o Palmeiras tinha a difícil missão de não perder esse jogo para poder assumir o comando do campeonato a duas rodadas do final. Uma desavença que deveria ser resolvida fóra das 4 linhas, botou tudo a perder por pura irresponsabilidade e falta de profissionalismo.
O resultado já está em 2 x 0 aos trinta minutos do segundo tempo. Como colorado que sou e apesar da grande rivalidade entre o meu time e o Grémio, excepcionalmente estou torcendo para este… Afinal, o Inter vai ser muito beneficiado.
Mas uma coisa é certa: dinheiro que saia do meu bolso eles não vão ter e, assim, só assisto pela tv sem grandes paixões. A grande massa também tem que começar a reestudar a sua posição e exigir ética, dignidade e profissionalismo. Amor à camisa, na verdade, é coisa do passado.
domingo, novembro 15, 2009
Falou e disse, Presidente!
“Então, essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse quadrado ou retangular, e a gente soubesse que o nosso território está a 14 mil quilômetros de distância dos centros mais poluidores, ótimo, vai ficar só lá. Mas, como o mundo gira, e a gente também passa lá embaixo onde está mais poluído (?????????????), a responsabilidade é de todos”.
sexta-feira, novembro 13, 2009
Jornalista
Por lei criada num dos governos da ditadura, só poderia exercer a profissão de jornalista quem tivesse completado o curso de jornalismo. Há pouco tempo atrás, essa lei foi revogada. Alegria para uns e esperneio para outros. E há movimentação para voltar ao que era, com algumas alterações…
Na minha interpretação e verificando todos os dias o quanto de cavalgaduras com formação em jornalismo se nos apresentam nos meios de comunicação, concluo que muitos podem exercer a profissão, desde que sejam cultos, independentemente da fonte onde beberam dessa cultura.
Uma das profissões que eu gostaria de ter abraçado é, sem dúvida, essa. Tenho um curso superior de Administração de Empresas, se bem que o mesmo quase nada veio acrescentar aos meus conhecimentos auto-didáticos e de experiência no campo de trabalho.
Gosto e sempre gostei de escrever. Assim, mais um empurrão para alcançar o objectivo, se bem que a minha grande paixão sempre tenha sido o rádio e para o qual a minha voz se presta. Como sou tímido e me dão grandes brancos ao falar em público, teria que ser mesmo na escrita…
Infelizmente, jamais poderia ser um jornalista e tenho consciência disso. Porquê?
Um jornalista, a qualquer momento, poderá ter que fazer uma reportagem ou uma entrevista. Aí, coloca-se obrigatòriamente numa situação de engolidor de sapos, dependendo de certas respostas ou agressões por parte de certos figurões ou figuronas. Se não engolir, o seu emprego estará por um fio…
Definitivamente, jamais terei um emprego de jornalista. O meu limite de jogo de cintura e poder de encaixe circunda-se num raio muito curto. Curto demais para abrigar as normas que me seriam apresentadas ou que constem dos manuais de redação.
Jamais eu ficaria impávido e sereno perante o dedo em riste e o brotar de impropérios por parte de certos monstrengos arrogantes que, despidos das capas e máscaras na sua momentânea protagonização, nada mais serão que merda. Merda somos e merda seremos…
quinta-feira, novembro 12, 2009
segunda-feira, novembro 09, 2009
Earth Song
O vídeo é do single de maior sucesso de Michael Jackson no Reino Unido, que não foi nem "Billie Jean", nem "Beat it", e sim a ecológica "Earth Song", de 1996.
A letra fala de desmatamento, sobrepesca e poluição e, por um pequeno detalhe, talvez você nunca terá a oportunidade de assistir na televisão.
O Detalhe: "Earth Song" nunca foi lançada como single nos Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do planeta. Por isso a maioria de nós nunca teve acesso ao clip.
Ou seja, o que não passa nos EUA, não passa no resto do mundo. Só mostram o que lhes interessa e só assistimos ao que eles querem.
Veja, então, o que os americanos nunca mostraram de Michael Jackson.
Filmado na Africa, Amazonia, Croácia e New York.
domingo, novembro 08, 2009
Saia justa
Em 1960, tinha eu 15 anos, fazia parte da equipe de ginástica olímpica do Lusitano Ginásio Clube, em Évora, Portugal. Era uma actividade amadora recém incorporada, a par do futebol profissional.
Aqueles já eram tempos difíceis para o clube que muitas vezes esteve a par dos grandes do futebol português. Assim, a ginástica só se conseguia manter graças à generosidade e amor do então presidente e, especialmente, com a arrecadação do dinheiro a quando da realização de bailes no salão da séde.
Organizávamos esses bailes e a cada um dos atletas era distribuída uma função. Um dia coube-me a portaria.
Uma orientação que recebi da directoria era exactamente barrar a entrada de algumas moças conhecidas e que habitualmente frequentavam esse tipo de evento noutros locais da cidade. Elas eram, na definição da época, muito indecentes e atentórias ao pudor…
Eu, porém, já naquele tempo discordava desses parâmetros de análise e discriminação e fiquei meio apreensivo e com a pulga atrás da orelha. Teria eu que citar os motivos para barrar a entrada?! Uma verdadeira saia justa… É claro que jamais barrei a entrada de alguém e nunca nada de anormal aconteceu.
São passados 50 anos e defronto-me com situação análoga em relação à moça que foi violentada moralmente numa Universidade de São Paulo e que a respeito já aqui me referi neste espaço. Impressiona-me mais ainda por se tratar do Brasil, uma vez que aqui o futuro e uma liberdade maior chegaram muito mais cêdo.
Eis a notícia mais recente e mais não comento:
A Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban) decidiu expulsar a estudante de Turismo Geisy Arruda, de 20 anos, que foi perseguida, encurralada e xingada por um grande grupo de alunos nos corredores da instituição, no câmpus de São Bernardo, porque usava um vestido curto. Ela saiu do local escoltada pela polícia. O tumulto ocorreu no dia 22 de outubro e ganhou repercussão, gerando debates sobre intolerância na sociedade, após vídeos terem sido colocados do Youtube.
Peão de obra
O governo andorrenho tinha adiantado esta manhã que o número de operários mortos no acidente de ontem tinha subido para cinco, escusando-se a confirmar a nacionalidade das vítimas. Horas depois, a secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas confirmou que todas as vítimas mortais são portuguesas e adiantou que os serviços têm estado em contacto com as empresas para as quais trabalhavam, a Ambicepol e a Unifor. As autoridades tentam encontrar a causa da derrocada da estrutura metálica, uma das maiores obras da região que estaria concluída no próximo ano.
O acidente deu-se na manhã de sábado, quando ruiu a ponte exterior que liga a estrada principal à boca do túnel de Dos Valires, que une as localidades de Encamp e La Massana.
O Sindicato da Construção do Norte garante que o acidente ocorreu devido a falhas na segurança.
Actualmente, são cerca de seis mil os portugueses que trabalham na construção civil em Andorra.
O acidente deu-se na manhã de sábado, quando ruiu a ponte exterior que liga a estrada principal à boca do túnel de Dos Valires, que une as localidades de Encamp e La Massana.
O Sindicato da Construção do Norte garante que o acidente ocorreu devido a falhas na segurança.
Actualmente, são cerca de seis mil os portugueses que trabalham na construção civil em Andorra.
Este é um resumo das informações oficiais sobre o acidente do Principado de Andorra. Comentários específicos eu não poderei fazer, pois seria muita presunção da minha parte. As preocupações a respeito tenho-as, como todo o mundo, no que respeita aos possíveis erros técnicos ou políticos, uma vez que graves problemas nesses campos não se limitam a países do denominado terceiro mundo.
O que realmente eu quero comentar é a presente discriminação oficial que certos países insistem em implantar ou desenvolver. Lògicamente que andorrenhos natos, possívelmente ali nenhum se encontra trabalhando; devem ser franceses e espanhois os que lá estão e isso no nível da engenharia, coordenação e supervisão. No trabalho pesado, mesmo, são e serão sempre aqueles cidadãos, heroicos, que esses países tentam barrar…
segunda-feira, novembro 02, 2009
Sabores do Alentejo
Organizado pela Turismo do Alentejo, ERT, decorre de 2 a 8 de Novembro, mais uma Semana Gastronómica da Caça, iniciativa que conta com a adesão de mais de 90 restaurantes espalhados por toda a região que vão preparar as mais variadas iguarias, sejam tradicionais ou criativas, mas sempre tendo a caça como ponto comum.
Entre os restaurantes aderentes estão “A Maria”, no Alandroal, que vai disponibilizar perdiz estufada; lebre com feijão, repolho e nabos; coelho frito.“Herdade dos Barros”, em Terena, com feijoada de lebre; ensopado de lebre; coelho à caçador.
“Os Gémeos”, em Rio de Moinhos, Borba, com javali à casa; feijoada de javali; ensopado de lebre.
“ Pousada Rainha Santa Isabel”, em Estremoz, apresenta perdiz estufada com legumes e alecrim; guisadinho de lebre com feijão branco; lombinhos de javali com mistura de cogumelos selvagens.
“ Pousada de S. Miguel”, em Sousel, perdiz estufada com repolho e cebolinhas; javali à caçador; coelho à alentejana com migalhada de espargos bravos.
“Taverna dos Conjurados”, em Vila Viçosa, apresenta paté de veado com molho de frutos silvestres; favada real de caça à el-Rei D. Carlos I, e perdiz de caça à Infanta D. Maria.
“Os Cucos”, em Vila Viçosa, perna de javali no forno com puré de maçã e geleia de framboesa; ensopado de lebre; coelho à caçador.
“Ouro Branco”, em Vila Viçosa, coelho à caçador; coelho frito com pimento da horta; javali estufado.
“ Pousada D. João IV”, em Vila Viçosa, terrina de veado com molho de groselha; perdiz recheada com puré de castanhas; lebre com feijão encarnado.
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Muitos, como eu, conhecedores dessas iguarias e dos lugares, temos realçadas as saudades e engolimos em sêco... Outros ficarão curiosos e com vontade de conhecer e saborear; a esses eu sugiro incluir o Alentejo numa próxima viagem de férias. Por fim haverá, certamente, os opositores que são defensores da Natureza, contra a caça e, alguns, vegetarianos.
A caça em Portugal não é predatória. É reguladora e cultural.
As imagens são aquarelas do meu amigo e alentejano também, Francisco Charneca.
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domingo, novembro 01, 2009
Amigos
“Eu quero ter um milhão de amigos…” é um trecho de canção cantada por Roberto Carlos. Não sei se o título também é esse, bem como também não sei se o cantor é, ao mesmo tempo o compositor e se alguém tem um milhão de amigos. Parece que sei muito pouco, mas acho que é mais porque nunca fui muito admirador do citado…
Um milhão de amigos eu tenho a certeza que jamais teria na minha vida e não tanto pelo meu caracter, mas naturalmente, pelo tempo que vivemos e pelo espaço que é exíguo em relação ao número. Além de tudo, amigo é um grau difícil de alcançar nas triagens a que submetemos as pessoas com quem nos relacionamos. Daí que muitos confundem conhecidos como amigos.
Amigo, como diz outra canção, “é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito”. E eu guardo no meu alguns de quem me lembro do nome ou não. O nome vamos esquecendo com o decorrer do tempo, mas a imagem de todos ou algumas passagens em que fôram protagonistas permanecem.
Sou uma pessoa que jamais perdeu o hábito de tentar reencontrar muitos desses amigos, senão todos, que há muito deixaram de conviver comigo. Nem que seja só para um cumprimento ou uma troca rápida de palavras conforme as circunstâncias. Aqui mesmo, neste espaço, já coloquei alguns nomes na esperança de encontrar alguém, tipo um apêlo, bem como outras histórias já escrevi e subordinadas ao mesmo tema.
Uma época que muito marcou a minha vida e a da maioria dos então jovens portugueses, foi a dos anos 60. Devido à situação de guerra que o Portugal travava nas colónias.
Naquele tempo poucos escapavam de vir a transformar-se em carne para canhão e, por isso mesmo, desde o primeiro dia em que nos alinhávamos, compulsóriamente, nas fileiras castrenses, até ao dia da passagem à reserva, processava-se no meio um relacionamento com sulcos profundos de amizade e solidariedade.
Por isso, são frequentes os encontros de confraternização de ex combatentes ou simplesmente ex expedicionários, pois é grande essa força mobilizadora em cada um. Por isso, também, existe grande grande número de sites e blogues na Internet inerentes a essa época e circunstâncias.
Tenho participação interactiva em algumas dessas páginas e até já encontrei alguns ex camaradas. Poucos, mas encontrei…
Há tempos atrás, reconheci um deles através de uma foto recente e esta mostrava os mesmos traços de há 40 anos… O indivíduo não mudara nada e logo identifiquei ali o “Malveira”, apelido pelo qual era tratado na tropa.
O “Malveira” era companheiro de pelotão na recruta que fizémos na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, no Curso de Sargentos Milicianos. Ele acabou por ir para a especialidade de Intendência e eu para a de Serviço de Material. Ele para Moçambique e eu para Timor.
Enquanto em Santarém, todos os fins de semana em que íamos para as nossas cidades para os passar com a família, nós dois ficávamos num ponto da estrada que levava a Lisboa e ali pedíamos boleia (carona) aos veículos que passavam. O dinheiro era curto ou simplesmente inexistente para pagar passagens. E até pulávamos o muro de alguma quinta para conseguir colher alguma fruta, principalmente laranjas, quando a fome apertava.
E foi essa história das laranjas que eu citei num e-mail que enviei ao “Malveira”, quando o descobri naquele site, como ponto de referência para que ele se lembrasse de mim. Tinha a certeza que se iria lembrar! Mas a minha surpresa e decepção foram muito grandes quando, simplesmente, respondeu serem aqueles actos de surrupiu da coisa alheia algo reprovável e dos quais não se lembrava. Assim mesmo. Curto e grosso.
Hoje, mais uma vez, naveguei na Internet e visitei alguns desses sites que referi. Encontrei o do Batalhão de Caçadores 1916 e lá estavam algumas fotos do meu camarada quando da sua estadia em Mueda, Moçambique.
Como as fotos estavam abertas a comentários, numa delas deixei o meu referindo-me às laranjas… E fiquei pensando que nem a mil amigos eu chegarei, quanto mais a um milhão…
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